Os bacamarteiros são grupos formados por atiradores que utilizam armas de pólvora seca para fazer apresentações durante o São João de Caruaru. Um dos grupos mais destacados da região é o 27º batalhão, liderado por Ângela Oliveira, de 62 anos. Ângela, que atua como bacamarteira há 30 anos, enfrentou o machismo e o preconceito para chegar à liderança do grupo.
Moradora da zona rural de Caruaru, Ângela é uma das homenageadas do São João em 2024. Ela começou a se interessar pelo bacamarte na infância e enfrentou resistências para se tornar a primeira bacamarteira da região. Atualmente, o grupo liderado por Ângela conta com mais de 20 homens e 14 mulheres, e a cada ano o número de mulheres na equipe só aumenta.
O cuidado com a segurança é uma prioridade para Ângela e o grupo. Para manusear o bacamarte, é necessário ter autorização do Exército, e nunca houve acidentes durante as apresentações. O espetáculo do 27º batalhão mistura o forró de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro com as coreografias do bacamarte, atraindo centenas de espectadores.
Além dos bacamarteiros, outro destaque do São João de Caruaru é o Theatro de Mamulengos MamuSebá, um espaço que conta com apresentações de bonecos controlados por mamulengueiros, sendo o único teatro de mamulengos da cidade. O organizador do teatro, Sebastião Alves, conhecido como Sebá, monta todo o espaço e promete transferir o espetáculo para um galpão definitivo em breve.
O Theatro de Mamulengos MamuSebá atrai cerca de 200 crianças por noite, e desde 1985 mais de 1,5 milhão de pessoas já assistiram às apresentações do grupo. O espaço se destaca por oferecer atividades culturais gratuitas, promovendo a inclusão e a reflexão sobre a história e tradições locais.
O São João de Caruaru é muito mais do que uma festa comum, é uma celebração da cultura e das tradições do povo pernambucano, que se renova a cada ano com a participação de personagens como Ângela e Sebá, que dedicam suas vidas à preservação e ao compartilhamento das raízes culturais da região.