Conselho de Ética arquiva representação contra deputada Lucinha acusada de ligação com milícia no RJ após decisão controversa.

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu nesta quinta-feira (20) arquivar a representação feita contra a deputada Lucinha (PSD), acusada de atuar como “braço político” da maior milícia do estado. A decisão foi tomada por 4 votos a 2, com o entendimento de que as provas disponíveis no processo não são suficientes para concluir de forma inequívoca a participação da deputada nos delitos imputados.

Os parlamentares que votaram pelo arquivamento foram Julio Rocha (Agir), Cláudio Caiado (SDD), Vinícius Cozzolino (União) e Renato Miranda (PL). Já as deputadas Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (PSOL) posicionaram-se contra a decisão.

Após o arquivamento, o caso será encaminhado para a Mesa Diretora da Alerj, que irá decidir se a deliberação do Conselho de Ética precisa ser submetida ao plenário da Casa. A deputada Lucinha nega qualquer envolvimento com organizações criminosas e reforça que nunca atuou em favor de milicianos.

As investigações da Polícia Federal apontam que a deputada tinha ligações com o grupo criminoso liderado por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, responsável pelos ataques a ônibus e trens na zona oeste do Rio de Janeiro. O nome de Lucinha surgiu nas investigações a partir da quebra de sigilo de Domício Barbosa de Sousa, membro da milícia “bonde do Zinho”.

Apesar das acusações, a deputada foi afastada do cargo em dezembro, por determinação do Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Porém, em fevereiro, a Assembleia decidiu suspender a decisão e instaurar um processo disciplinar. O presidente da CCJ, Rodrigo Amorim, ressaltou que a medida não significava corporativismo, mas sim a prerrogativa da Assembleia para decidir sobre os mandatos dos deputados.

O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, pediu o novo afastamento da deputada, alegando que ela representava um risco para a Assembleia por receber milicianos em seu gabinete. A decisão sobre esse novo pedido ainda não foi tomada pelo Tribunal de Justiça. Os dados da investigação mostram episódios de interferência da deputada em favor do grupo criminoso, como repassar informações sobre a visita do prefeito em áreas de atuação da milícia e atuar em benefício de motoristas de vans cobrados pelo grupo.

Lucinha também é suspeita de ter solicitado uma operação policial contra uma facção rival e interferido na nomeação do comandante do 27º Batalhão da PM. Apesar das acusações, a deputada continua negando qualquer envolvimento com milicianos e afirma ser uma deputada de oposição. O caso continua sendo acompanhado de perto, enquanto a Assembleia toma as medidas necessárias para garantir a integridade e a ética na Casa Legislativa.

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