Cardume de cem tubarões surpreende mergulhadores no Arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte de São Paulo

Na manhã da última segunda-feira (17), grupos de pesquisadores e mergulhadores tiveram uma surpresa ao avistarem um cardume com aproximadamente cem tubarões no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, localizado no litoral norte de São Paulo. A quantidade impressionante de peixes foi inédita para os mergulhadores presentes, que destacaram nunca ter presenciado um cardume tão numeroso na região, a apenas 40 metros de uma das pontas da ilha principal do arquipélago.

Esse fenômeno de avistamento de tubarões na região do santuário marinho tem sido cada vez mais frequente, como demonstra um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp). De acordo com a pesquisa, a presença dos tubarões tem aumentado após a expansão e fortalecimento da área de proteção integral, a cerca de 35 km de Ilhabela.

A chefe do ICMBio Alcatrazes, Thais Rodrigues, atribui esse fenômeno às estratégias de monitoramento implementadas nos últimos anos e à fiscalização mais rigorosa da pesca ilegal na região. Essas ações contribuíram para o equilíbrio da vida marinha, atraindo tubarões predadores para a região distante das praias mais movimentadas e frequentadas por banhistas.

Além disso, a presença dos tubarões no arquipélago de Alcatrazes também está relacionada às características geográficas do local, que se encontra na confluência de duas correntes oceânicas, proporcionando águas ricas em nutrientes favoráveis para esses animais marinhos.

No mês de março, mergulhadores já haviam registrado a presença de cerca de 40 tubarões-martelo na região. Recentemente, Gustavo Luiz dos Santos Benedito, proprietário da operadora de turismo Capitão Ximango, relatou ter avistado aproximadamente dez tubarões enquanto estava em seu barco com um grupo que monitorava aves no arquipélago. Encantados com a presença dos tubarões, o grupo decidiu se aventurar em um mergulho livre, sem cilindro de oxigênio, e se depararam com o cardume próximo à superfície na região do Saco do Funil, um dos extremos da ilha principal de Alcatrazes.

O oceanógrafo Geraldo de França Ottoni Neto, analista ambiental do ICMBio Alcatrazes, nadou ao lado dos tubarões e identificou que o cardume era composto por espécies de tubarões do gênero Carcharhinus, como o tubarão-galhudo e o tubarão-seda, registrados no santuário pela pesquisa da Unifesp. Os tubarões avistados tinham em média de 1,5 a 2 metros de comprimento, podendo chegar a 3 metros, e a área é considerada um local de reprodução para esses animais.

O biólogo Léo Francini, com vasta experiência em mergulhos, ficou impressionado com o avistamento dos tubarões em Alcatrazes, descrevendo a experiência como única em comparação a outros locais em que mergulhou com tubarões. O avistamento desses animais na região do arquipélago tem sido percebido há cerca de dois anos, e tem atraído um número crescente de pessoas interessadas em realizar mergulhos na região, mesmo a Prefeitura de Ilhabela afirmando que o município ainda não está totalmente estruturado para esse tipo de turismo.

É evidente que a presença dos tubarões em Alcatrazes tem impactado o turismo local, com operadoras de turismo relatando um aumento na procura por visitas ao arquipélago para observar esses predadores marinhos. A interação entre humanos e tubarões tem sido pacífica, demonstrando que esses animais são mais curiosos do que hostis quando se encontram em ambientes naturais, como o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.

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