Nascida no interior de Minas Gerais, Maria mudou-se para São Paulo aos 18 anos em busca de oportunidades e uma vida melhor. Durante sua trajetória na capital paulista, estudou jornalismo, tornou-se mãe e construiu sua história. No entanto, a ausência do nome do pai em seus documentos sempre foi uma lacuna presente em sua vida.
Infelizmente, a situação de Maria não é única. De acordo com dados da Arpen-Brasil, cerca de 500 crianças são registradas diariamente apenas com o nome da mãe no país. Em 2023, dos 2,5 milhões de nascidos, mais de 172 mil deles foram registrados sem a presença paterna.
Para Maria, a falta do nome do pai em sua certidão gerava um desconforto profundo, fazendo-a sentir-se como se estivesse mentindo ao ser questionada sobre sua paternidade. Após anos de angústia, ela decidiu buscar na Justiça o reconhecimento de sua origem paterna.
No ano passado, Maria deu entrada em um processo de reconhecimento de paternidade pós-morte. Em vez de realizar um exame de DNA, o testemunho de seu avô foi crucial para que a Justiça autorizasse a inclusão do nome do pai em seus documentos. O avô, emocionado, afirmou em juízo que Maria era sua neta, proporcionando o desfecho esperado há tanto tempo.
Essa história, que ganhou destaque nacional, evidencia a importância de reparações como essa, que resgatam a identidade e a história familiar de indivíduos que por anos foram privados desse direito. Campanhas como “Meu pai tem nome”, promovidas pelo Condege, buscam acelerar processos como o de Maria, contribuindo para a correção de injustiças do passado.
Após uma longa espera, Maria finalmente pode afirmar com orgulho e sem constrangimento que o nome de seu pai agora está registrado, encerrando um ciclo de incertezas e preenchendo uma lacuna emocional em sua vida. Sua jornada, marcada por lutas e superações, serve de inspiração para muitos que enfrentam desafios semelhantes em busca de justiça e reconhecimento.