Paulo Araújo lamenta que, embora algumas cidades tenham dado passos em frente, criando ambulatórios trans e coordenadorias, outras ainda estão estagnadas nesse sentido. As principais queixas da população LGBTQIA+ são relacionadas ao acesso a consultas médicas e psicológicas. O presidente destaca que há iniciativas de empregabilidade e sensibilidade em algumas cidades, mas ressalta que o ABC ainda é predominantemente conservador.
O atendimento público existente é escasso, de acordo com Araújo, e isso justifica o fato de a Casa Neon Cunha receber pessoas de diversas localidades da região. Ele destaca que apenas duas prefeituras, Diadema e Santo André, contam com coordenadorias específicas, indicando que o ABC está engatinhando em termos de políticas afirmativas para a população LGBTQIA+.
Para criar políticas públicas eficazes, é fundamental ter acesso a dados concretos sobre a população LGBTQIA+ na região. Nesse sentido, o Consórcio Intermunicipal do ABC planeja realizar um censo para subsidiar a elaboração dessas políticas. Além disso, a entidade regional também oferece um canal, a Ouvidoria LGBTQIA+ Regional, para denúncias de LGBTfobia e discriminação contra pessoas que vivem com HIV.
No que diz respeito aos serviços oferecidos pelas prefeituras, Diadema se destaca com sua Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades, que orienta as secretarias municipais e acolhe demandas da população LGBTQIA+. A cidade também conta com o Ambulatório DiaTrans, que oferece atendimento específico para a população trans. São Caetano possui o SerTrans, um centro de referência em saúde para a população LGBTQIA+, que oferece serviços médicos, psicológicos, nutricionais, jurídicos, além de oficinas e auxílio para emprego e qualificação profissional.
Santo André, por sua vez, dispõe do Ambulatório Travessias, que proporciona cuidados multidisciplinares para pessoas com variabilidade de gênero. Já São Bernardo não possui uma coordenadoria específica, mas a rede municipal de saúde oferece atendimento inclusivo para população LGBTQIA+, com profissionais treinados e acolhimento especializado em diferentes unidades de saúde.
Diante desse panorama, fica evidente que ainda há muito a ser feito para garantir o acesso pleno e de qualidade aos serviços de saúde e assistência social para a população LGBTQIA+ no ABC. A realização do censo proposto pelo Consórcio Intermunicipal e o fortalecimento das políticas públicas voltadas para essa comunidade são passos essenciais nesse caminho de inclusão e respeito à diversidade.