Carlos Vernaglia, comerciante local e filho de um construtor da região, relata que seu pai construiu dezenas de prédios residenciais nos arredores nos anos 1960, e que agora é possível ver placas de serviços como ioga, acupuntura, megahair e botox nas fachadas das casas que escaparam da demolição. A transformação do bairro, que já foi lar do piloto Ayrton Senna, simboliza os desafios da dinâmica imobiliária em levar moradias para próximas ao transporte público.
Embora o Plano Diretor em vigor desde 2014 tenha reduzido taxas e permitido construções maiores para incentivar o mercado imobiliário em regiões estratégicas, os resultados variam. Alguns locais viram um aumento populacional significativo, enquanto outros registraram uma diminuição de moradores. A análise da evolução populacional ao redor de todas as estações de metrô e trem da cidade revela que a proporção de residentes nos perímetros delimitados oscilou negativamente nos últimos anos.
Enquanto algumas regiões viram um crescimento populacional, como é o caso do bairro Campo Belo, outras áreas mais centrais perderam moradores, como as estações Trianon-Masp e Brigadeiro, localizadas na movimentada Avenida Paulista. O fenômeno de esvaziamento nesses locais pode ser atribuído aos altos valores de aluguel, a falta de herdeiros interessados em manter os imóveis e a degradação da região central.
Ainda assim, o Plano Diretor segue em vigor até 2029, e defensores da proposta acreditam que é necessário dar tempo para que seus objetivos sejam alcançados. O desafio de equilibrar o adensamento populacional com a preservação de áreas históricas e o fornecimento de moradias perto do transporte público é uma árdua tarefa em uma cidade tão complexa e dinâmica como São Paulo.