Ao declarar que o uso de pronomes e terminações não binárias destoa das normas da língua portuguesa, Zanin levantou um ponto importante, porém a questão vai além de aspectos gramaticais. O emprego da linguagem neutra é uma forma de intervenção política na comunicação, buscando chamar atenção para a exclusão e discriminação de minorias.
A complexidade do tema fica evidente quando se percebe que o debate sobre a linguagem neutra pode ter impactos reais em processos futuros, especialmente no que diz respeito à legislação educacional. O recente posicionamento do STF em relação às leis municipais citadas demonstra que a discussão não se restringe apenas à forma, mas também ao conteúdo e às liberdades individuais.
O medo de retrocessos e restrições às liberdades ganha força diante de um Congresso com maioria conservadora e retrograda, que pode vir a cercear ainda mais a liberdade de expressão e impor limites à diversidade linguística. A possibilidade de uma legislação que puna o uso da linguagem neutra não pode ser descartada, o que coloca em xeque a garantia de direitos fundamentais.
A inclusão da linguagem neutra como tema de debate não se restringe ao Brasil, sendo uma discussão global sobre gênero e igualdade. A resistência conservadora em relação a essas mudanças linguísticas reflete uma resistência mais ampla às transformações sociais e culturais em curso.
Diante desse cenário, é importante reconhecer a relevância da questão e promover um diálogo respeitoso e aberto sobre a linguagem neutra e suas implicações. A liberdade de expressão e a diversidade linguística devem ser protegidas e incentivadas, garantindo que todos tenham espaço para se comunicar de forma autêntica e inclusiva.