Esquema de lavagem de dinheiro de R$ 10 bilhões desmantelado em São Paulo: Cash Back Turismo e Serviços Empresariais na mira da polícia

Em uma operação policial no coração da Favela Heliópolis, na zona sul de São Paulo, um cenário de contrastes foi revelado. Lucas de Souza Teixeira, morador de um simples barraco, teve seu nome ligado a uma empresa de fachada que movimentou incríveis R$ 10 bilhões em pouco mais de dois anos. A Cash Back Turismo e Serviços Empresariais, descrita como um verdadeiro “banco do crime”, foi utilizada para lavar capitais provenientes de organizações criminosas atuantes em diversos segmentos ilícitos.

Entre os personagens desse emaranhado de crimes e investigações, desponta o nome de Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik dos Bitcoins. Acusado de participar de fraudes milionárias que atingiram figuras como Sasha Meneghel e Gustavo Scarpa, o Sheik tornou-se alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras e da Polícia Federal (PF).

A trajetória de Lucas e do Sheik dos Bitcoins se entrelaçou em meio a um debate jurídico que durou anos nos tribunais superiores. A controvérsia girava em torno do compartilhamento de Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) do Coaf com órgãos de persecução penal sem a necessidade de autorização judicial. Após uma longa batalha legal, o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente definiu que o compartilhamento de dados era legal, encerrando uma saga que paralisou centenas de investigações em todo o país.

Em meio a esse turbilhão, as atividades obscuras da Cash Back vieram à tona. A empresa, originada de um esquema de fraude na Junta Comercial do Estado de São Paulo, tornou-se um instrumento de lavagem de dinheiro. Utilizando-se de laranjas e alterações societárias falsas, a organização criminosa por trás da Cash Back ludibriou inúmeras vítimas e movimentou bilhões em transações duvidosas.

O desfecho da saga se deu com o bloqueio de R$ 191 milhões em bens ligados à Cash Back, mostrando a magnitude das operações ilícitas. A descoberta de que a empresa Mozzatto Consultoria e Intermediação era a principal destinatária dos recursos da Cash Back revelou um rastro de corrupção que se estendia até as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe.

A luta contra o crime financeiro é uma batalha constante que exige a colaboração de diversas instituições e o devido respaldo jurídico para que a justiça seja feita. O caso da Cash Back é apenas mais um capítulo nesse combate incansável pela transparência e integridade no sistema financeiro nacional.

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