Sumiço dos pardais: a extinção de uma espécie que já dominou os céus de São Paulo.

Em tempos passados, os pardais dominavam os céus de São Paulo, ocupando os telhados das casas e os fios elétricos, eclipsando outras espécies de pássaros. Originários do Oriente Médio, os pardais foram introduzidos no Brasil no início do século 20 e se espalharam pelo mundo. No entanto, atualmente, essas aves não apenas deixaram de ser abundantes, como se tornaram raras, sendo mais fácil avistar periquitos-ricos e tico-ticos do que um pardal na cidade.

O desaparecimento dos pardais não se restringe apenas a São Paulo e não é um fenômeno recente. Há mais de uma década, a diminuição dessas aves tem sido observada em diversos locais, levando à classificação do pardal como uma espécie em risco de extinção.

A pesquisadora Letícia Zimback, da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, tem constatado a escassez de pardais em suas observações pela cidade. A mudança na paisagem urbana, com a substituição de casas por prédios, tem impacto direto na sobrevivência desses pássaros, que não encontram mais as condições ideais para se reproduzirem.

Um dos principais motivos apontados para o sumiço dos pardais é a falta de locais adequados para construção de ninhos, com o desaparecimento gradual dos telhados de barro, preferidos por essas aves. Além disso, a escassez de alimentos, devido à diminuição da diversidade e abundância de insetos, tem contribuído para a redução da população de pardais.

A introdução dos pardais no Brasil, em 1903, com o intuito de controlar a população de mosquitos, acabou resultando em sua multiplicação descontrolada e competição com outras espécies. No entanto, as aves nativas têm gradualmente recuperado seu espaço, com espécies como periquitos-ricos, sabiás, bem-te-vis e sanhaços sendo mais comuns nas áreas urbanizadas de São Paulo.

O inventário da fauna silvestre do município, publicado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, revela a presença de 516 espécies na região, graças ao trabalho de observadores, pesquisadores e cientistas-cidadãos. Atualmente, aves predadoras e migratórias têm sido avistadas nas áreas urbanas, mostrando a diversidade da avifauna paulistana.

Apesar do desaparecimento dos pardais, a presença de outras aves nas áreas urbanas de São Paulo demonstra a adaptação e diversificação da fauna silvestre no ambiente urbano, refletindo a importância da conservação e preservação das espécies. A ausência dos pardais nos céus da cidade é um lembrete da fragilidade e mutabilidade da vida selvagem em meio ao desenvolvimento urbano.

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