Iara Iavelberg: A História da Psicóloga Morta na Ditadura Militar e a Luta Contra a Separação dos Suicidas no Cemitério

A história da psicóloga Iara Iavelberg, morta em 1971 durante a ditadura militar no Brasil, é marcada por uma longa luta de sua família para retirá-la da ala dos suicidas no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo. A versão oficial da época afirmava que Iara havia se suicidado, mas seus parentes sempre duvidaram dessa narrativa.

Com a ajuda do rabino Henry Sobel, a família de Iara conseguiu, após um processo judicial, exumar o corpo da psicóloga em 2003. Os laudos periciais indicaram que a morte de Iara ocorreu durante um cerco policial em Salvador, na Bahia, não confirmando a versão do suicídio. Em 2006, ela foi enterrada novamente no mesmo cemitério, porém fora da ala dos suicidas e ao lado do túmulo de seus pais.

O irmão de Iara, Samuel Iavelberg, relatou que a batalha judicial foi necessária devido à resistência do cemitério em permitir a exumação, alegando motivos religiosos. Samuel descreve a forte ligação que tinha com Iara, ambos militantes na época, e como a colocação do corpo na ala dos suicidas causou revolta na família, reforçando a versão do regime militar.

Além do caso de Iara, outros militantes de famílias judias durante a ditadura tiveram desfechos similares, como o jornalista Vladimir Herzog. A tradição de separar os suicidas em alas próprias nos cemitérios, característica histórica do judaísmo, vem sendo abandonada progressivamente em razão da compreensão sobre questões de saúde mental e empatia após o falecimento da pessoa.

Atualmente, não se pratica mais a separação de uma ala para suicidas nos cemitérios, refletindo uma mudança na percepção sobre o suicídio dentro da comunidade judaica. A compaixão e o entendimento sobre a complexidade desse tema têm se sobressaído, destacando a valorização da vida que o judaísmo preconiza. A evolução nessa abordagem reflete um desejo de lidar de forma mais empática e inclusiva com questões delicadas como o suicídio.

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