A pesquisa demonstra que o acesso à alimentação adequada é desigual na geografia da cidade. A Área de Planejamento (AE) 3, que abrange a Zona Norte sem a Grande Tijuca, é a região mais atingida pela fome, com 10,1% das casas apresentando insegurança alimentar grave. Domicílios chefiados por pessoas negras ou por mulheres também estão mais propensos a sofrer com a falta de comida, com taxas de 9,5% e 8,3%, respectivamente.
O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro é fruto de uma parceria entre a Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro da Câmara Municipal e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ). Essa iniciativa torna o Rio de Janeiro a primeira cidade brasileira a mapear a insegurança alimentar e a fome em nível municipal.
O estudo também analisou outros indicadores, como a relação entre a falta de comida e a escolaridade mais baixa, o desemprego e a renda per capita reduzida. A pesquisadora Rosana Salles-Costa, do INJC/UFRJ, destacou que o perfil das pessoas que passam fome na cidade reflete as desigualdades nacionais, com predominância em famílias chefiadas por mulheres, pessoas negras, com baixa escolaridade e menor renda.
Além disso, o estudo abordou a insegurança hídrica na cidade, revelando que 15% dos lares cariocas enfrentaram problemas com o fornecimento regular de água ou a falta de água potável. Destas famílias, 27% experimentaram situações de fome. As regiões mais afetadas pela escassez de recursos hídricos foram Centro e zona portuária, com 24,3%, e a Zona Norte sem a Grande Tijuca, com 21,7%.
Diante desse quadro preocupante, é essencial ampliar os programas e iniciativas que visam garantir o direito à alimentação saudável. O vereador Dr. Marcos Paulo ressaltou a importância de aumentar o número de cozinhas comunitárias e restaurantes populares, além de promover ações que melhorem a renda, a escolaridade e o emprego, visando reduzir as desigualdades e a insegurança alimentar na cidade do Rio de Janeiro.