Na época, as reivindicações dos trabalhadores incluíam questões básicas como aumento de salários, férias, proibição do trabalho infantil, fim do trabalho noturno para mulheres, aposentadoria e assistência médica. O movimento não se restringiu apenas à indústria têxtil, se estendendo também para outros setores como o alimentício, ferroviário e gráfico.
A insatisfação da classe trabalhadora era evidente e culminou em conflitos e tiroteios que se estenderam por dias, resultando na morte de um trabalhador espanhol chamado José Martinez pelas mãos da polícia. A década de 1920 foi particularmente tensa, com um clima de repressão e descontentamento generalizado.
O governo de Washington Luís, que governou de 1926 a 1930, foi marcado por medidas repressivas e autoritárias contra os movimentos sindicais e trabalhistas. A chamada “Lei Celerada” foi aprovada nesse período, criminalizando a organização de protestos e greves e tornando crime inafiançável desviar operários dos estabelecimentos onde trabalhavam.
A repressão policial era implacável, com manifestantes sendo encarcerados e até mesmo torturados. Anarquistas, comunistas, socialistas e sindicalistas eram tratados como criminosos e frequentemente enviados à 6ª Delegacia do Cambuci, principal aparelho de repressão política da época.
No entanto, a resistência dos trabalhadores não cessou. Com a vitória da Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, as manifestações populares se intensificaram. Um dos marcos desse período foi a tomada da 6ª Delegacia do Cambuci, conhecida como a “Bastilha do Cambuci”, em referência à tomada da Bastilha na Revolução Francesa.
O episódio marcou o fim de um ciclo de repressão e injustiças, simbolizando a luta incansável dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e respeito aos seus direitos. A história da Bastilha do Cambuci se tornou um símbolo da resistência e da determinação do povo paulistano em buscar uma sociedade mais justa e igualitária.