O caso teve início em 2012, quando Uribe apresentou uma queixa no Supremo Tribunal contra o legislador de esquerda Iván Cepeda por difamação. Em 2018, o Supremo Tribunal encerrou a investigação contra Cepeda e abriu uma nova investigação contra Uribe, que na época era senador, por fraude e manipulação de testemunhas.
O ex-presidente, que governou a Colômbia de 2002 a 2010, negou qualquer irregularidade e alegou que se trata de uma “vingança política” por parte da Procuradoria-Geral da Colômbia. Conversas telefônicas gravadas mostram Uribe discutindo estratégias com seus advogados para tentar influenciar o testemunho de ex-paramilitares que iriam depor contra ele. Uribe alegou que suas conversas foram interceptadas ilegalmente.
O contexto político na Colômbia está polarizado, especialmente com a eleição em 2022 de Gustavo Petro, um crítico de Uribe e ex-rebelde de esquerda, como presidente. Uribe é um dos líderes políticos mais influentes da história recente do país, tendo liderado a campanha contra o acordo de paz com os rebeldes em 2016.
O ex-presidente sempre enfrentou acusações de ligações com cartéis de droga e paramilitares. Desde a década de 1980, quando era diretor da agência de aviação civil, Uribe foi acusado de conceder licenças aéreas a traficantes de drogas. Mensagens do Departamento de Estado dos EUA revelaram ligações do político com cartéis, complicando o trabalho do sistema judicial colombiano.
A audiência de sexta-feira foi realizada por videoconferência e Uribe teve uma participação limitada, deixando a maior parte da fala para seu advogado. O procurador-chefe afirmou que Uribe abusou de sua posição para manipular testemunhas. Em 2020, Uribe chegou a ficar em prisão domiciliar preventiva, mas foi libertado após renunciar ao cargo no Senado. O caso agora está sob responsabilidade do Ministério Público.