Esses termos, conhecidos como deverbais regressivos, são substantivos formados a partir de verbos, mas de maneira abreviada. Por exemplo, arrombamento é derivado de arrombar, enquanto apelação e apelo surgem a partir do verbo apelar. Outros casos incluem batucada e batuque, que derivam do verbo batucar, e preparação e preparo, derivados do verbo preparar.
A lista de deverbais regressivos da língua portuguesa é extensa e conta com mais de 60 termos compartilhados com o galego, além de mais de 200 exclusivos do português, com contribuições significativas do Brasil. Palavras como paquera, esculacho, fervo, vacilo, revide, xingo, sacode, desnorteio e racha são exemplos dessa criatividade linguística brasileira.
Além desses, termos informais como agito, arraso, desbunde, flagra e transa também são destacados por Venâncio como expressões genuinamente brasileiras. A lista poderia ser ainda maior, com contribuições como pixo, arrego, aguardo, corre, chego e confere, reflexo da constante evolução e criatividade da linguagem no Brasil.
Ao final do capítulo sobre regressivos e criatividade brasileira, Venâncio ressalta a crescente distância entre as variedades da língua portuguesa na Europa e na América do Sul, afirmando que esse distanciamento é irreversível. Ele também aponta que Portugal, ao contrário da Espanha, nunca adotou uma política linguística centralista em suas colônias, o que contribui para o enriquecimento e diversidade linguística do português brasileiro.
Diante disso, é evidente que a língua portuguesa no Brasil é marcada por uma riqueza e criatividade linguística que merecem ser reconhecidas e valorizadas. A diversidade de expressões e a constante evolução do idioma refletem a identidade cultural e a vivacidade da linguagem no país. O português brasileiro, com sua variedade e riqueza vocabular, é verdadeiramente um arraso.