Em plena ditadura militar, Rubens e seu grupo realizavam apresentações públicas, levando a poesia para fora dos livros e para as praças públicas, democráticas e, dessa forma, sensibilizando as pessoas. O poeta acreditava que a poesia precisava recuperar o “conteúdo mágico de cada palavra e de cada gesto humano” para oferecer esperança a todos os habitantes da Terra.
Durante sua trajetória, Rubens Jardim promoveu o Ano Jorge de Lima em 1973, exaltando a obra do poeta alagoano e reposicionando-a na literatura nacional. Entre suas publicações, destacam-se livros como “Ultimatum” (1966), “Espelho Riscado” (1978) e “Cantares da Paixão” (2008), nos quais o projeto gráfico era tão importante quanto o conteúdo, refletindo sua forte influência da poesia concreta.
Rubens Jardim era um defensor da diferença entre poesia e poema, entendendo a poesia como uma necessidade atávica presente em tudo e o poema como o local específico que a traduz. Admirador de grandes escritores como Rilke, Manuel Bandeira, João Cabral, Nietzsche e Guimarães Rosa, Rubens buscava na música e na boemia fontes de inspiração e de liberdade criativa.
Nos últimos anos, atuou como agitador cultural, promovendo saraus e organizando antologias, sempre com o intuito de levar a poesia a todos os lugares, inclusive às novas gerações. Sua obra “As Mulheres Poetas na Literatura Brasileira”, publicada em 2022, é um exemplo de seu compromisso com a divulgação da arte poética.
Rubens Jardim deixa um legado de amor, poesia e resistência. Seu falecimento deixa uma lacuna no cenário cultural brasileiro, mas sua obra permanecerá viva, ecoando as palavras e os gestos de um verdadeiro artista que viveu e morreu em prol da poesia. Rubens deixa a esposa Ana, os filhos Thiago e Christiano, além de uma legião de admiradores saudosos de suas palavras e de seu amor genuíno pela arte.