No entanto, nos últimos dias, as tempestades e inundações que assolaram não apenas a capital, mas também grande parte do estado gaúcho, superaram esses números históricos. O nível do Guaíba chegou a 5,33 metros, afetando mais de 2,1 milhões de pessoas, com 538 mil desalojados e 76 mil indivíduos abrigados.
Enquanto alguns nas redes sociais utilizam a enchente de 1941 para questionar a relação das mudanças climáticas com a crise atual, especialistas argumentam que eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes e intensos em diversas partes do mundo, incluindo o Sul do Brasil.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul revelou que a enchente de 1941 foi causada por um evento composto, envolvendo chuvas intensas e fortes ventos. Por outro lado, as recentes inundações do estado foram ocasionadas por altos volumes de chuva em um curto período de tempo, sem a presença de ventos tão intensos como em 1941.
Meteorologistas apontam uma conjunção de fatores por trás das tempestades que impactaram o Rio Grande do Sul, como uma frente fria, ondas de calor em outras regiões do país, seca na Amazônia e o fenômeno El Niño. A análise de atribuição rápida do ClimaMeter indicou um aumento de 15% nas chuvas atuais em comparação com décadas passadas, relacionando esse fenômeno às mudanças climáticas causadas pela ação humana.
Os especialistas ressaltam a necessidade de medidas para frear o aquecimento global e de planejamento de resiliência climática para lidar com eventos extremos, como inundações, secas e ondas de calor. A adaptação urbana e a manutenção de estruturas de proteção contra enchentes serão fundamentais para que a sociedade possa lidar com essas adversidades no futuro.