Segundo Reis, as estruturas construídas nos anos 1970 nunca receberam a devida atenção em termos de manutenção, o que contribuiu para a magnitude das enchentes. Ele ressaltou que a culpa pela tragédia não deve ser atribuída somente às forças da natureza, mas também à negligência dos administradores públicos, que não se preocuparam em garantir a segurança das comunidades.
O professor enfatizou que Porto Alegre é uma área naturalmente propensa a alagamentos, devido à sua localização em uma região de várzea próxima ao Lago Guaíba. No entanto, Reis destacou que ações preventivas, como a manutenção adequada dos diques de contenção, poderiam ter minimizado os impactos das enchentes. Ele ressaltou a importância da conscientização e da adoção de medidas eficazes para evitar que novas tragédias se repitam no futuro.
Além disso, o professor Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explicou que o volume excepcional de chuvas registrado na região contribuiu significativamente para as cheias no Lago Guaíba. As precipitações intensas desde abril resultaram em níveis recordes de água em muitos locais, afetando principalmente os rios da serra e causando impactos significativos na região de planície, onde o escoamento é mais lento.
Paiva ressaltou a importância das várzeas na região, que atuam como reservatórios naturais e ajudam a atenuar os efeitos das cheias. Ele destacou a relevância da compreensão da dinâmica hidrológica da região para adotar medidas preventivas e mitigadoras que possam reduzir os danos causados pelas enchentes.
Diante dos desafios enfrentados pelo estado do Rio Grande do Sul, fica evidente a necessidade de um planejamento urbano mais consciente, voltado para a preservação do meio ambiente e a segurança das populações afetadas por eventos climáticos extremos. A adoção de práticas sustentáveis e ações coordenadas entre os órgãos públicos e a comunidade são essenciais para garantir a resiliência das cidades diante desses desastres naturais.