O estudo, publicado na revista científica Environmental Pollution, ressalta a preocupação crescente em relação ao uso indiscriminado de agrotóxicos e o impacto negativo que isso pode ter nas populações de abelhas. Enquanto muitas pesquisas anteriores abordaram espécies europeias e norte-americanas, este estudo focou em espécies nativas sem ferrão, como a Melipona scutellaris, que desempenham um papel crucial na polinização de plantas silvestres e culturas de importância econômica no Brasil.
Os resultados do estudo mostraram que os pesticidas imidacloprido, piraclostrobina e glifosato têm efeitos subletais nas abelhas, afetando seu comportamento, morfologia e fisiologia. Após serem expostas às substâncias em laboratório, as abelhas apresentaram redução na atividade locomotora, movimentação mais lenta e alterações morfológicas no corpo gorduroso, que é fundamental para o sistema imunológico dos insetos.
Os pesquisadores alertam que, mesmo que as abelhas sobrevivam à exposição aos agrotóxicos, elas correm o risco de ter seus sistemas imunes comprometidos, o que pode aumentar a vulnerabilidade a infecções. Além disso, ressaltam que a diminuição na produção de mel e na polinização de frutas e legumes pode ser uma consequência devastadora para a agricultura.
Para complementar esses resultados, os pesquisadores planejam analisar a influência dos pesticidas na expressão de outras proteínas e testar sua ação em diferentes espécies de abelhas nativas. Eles esperam que essas descobertas forneçam subsídios para a implementação de políticas mais restritivas em relação ao uso de agrotóxicos, visando a proteção das populações de abelhas e a segurança alimentar a longo prazo.