Discussão sobre a classificação do Guaíba como lago ou rio gera polêmica e debate ambiental em Porto Alegre, RS.

O Guaíba, conhecido como lago desde 1998 pelo governo do Rio Grande do Sul, está no centro de uma discussão em que ambientalistas contestam a sua classificação atual, reivindicando que seja considerado um rio para garantir maior proteção ambiental às suas margens. Segundo Francisco Milanez, diretor científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), a mudança na classificação foi uma estratégia para favorecer o setor imobiliário e permitir a construção de edificações mais próximas da água.

O debate sobre a classificação do Guaíba ganhou destaque novamente devido às recentes inundações na região metropolitana de Porto Alegre. O corpo hídrico, que deságua na lagoa dos Patos, apresenta características híbridas de rio e lago, com importantes rios como o Jacuí, Caí, dos Sinos e Gravataí desaguando nele.

A Agapan e outras entidades ambientalistas moveram uma ação civil pública na Justiça para que o Guaíba seja reconhecido como rio e não como lago, alegando que a proteção das margens seria mais eficiente se fosse considerado um rio. O biólogo também ressalta que o Guaíba possui uma renovação significativa de água, característica mais comum em rios do que em lagos.

Por sua vez, a Prefeitura de Porto Alegre reconhece que o Guaíba apresenta um comportamento dual, mesclando características de rio e lago. Na visão do hidrólogo Walter Collischonn, o nome “guaíba”, de origem tupi, já indica que o corpo hídrico é um local onde o rio se alarga, demonstrando a interpretação dos povos indígenas sobre a paisagem.

Diante desse debate em torno da classificação do Guaíba, especialistas e ativistas ambientais buscam resguardar a importância desse corpo hídrico, que desempenha um papel fundamental na região e merece cuidados específicos considerando suas características únicas.

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