De acordo com o pesquisador, os dados da AFMA apresentam alta qualidade, uma vez que os pescadores comerciais são obrigados a descrever a localização geográfica, as espécies capturadas e o peso dos animais. Esse cruzamento de dados permitiu a correlação das informações práticas com a probabilidade de ocorrência das espécies, possibilitando a criação de um índice de interação pesqueira para tubarões e raias, que são animais ameaçados em nível global. A técnica desenvolvida por Reis tem como principal vantagem a simplicidade e a capacidade de operar com poucos dados de qualidade, sendo eficaz para identificar espécies mais ameaçadas e priorizá-las em planos de manejo.
A fórmula elaborada pelo pesquisador brasileiro busca proporcionar maior precisão às atividades de pesca, contribuindo para a preservação de espécies ameaçadas e auxiliando na definição de áreas preferenciais para a pesca. Os testes realizados na Austrália validaram a eficácia do método, que foi publicado na revista internacional Diversity. Marcelo Reis ressaltou que a análise de risco ecológico é uma tendência mundial, visando prever quais espécies podem estar mais vulneráveis no futuro e adotar medidas preventivas.
Em relação à conservação de tubarões e raias, o pesquisador destacou que ainda existe um tabu, em parte devido ao impacto cultural do filme “Tubarão” de 1975. No entanto, Reis enfatizou que os tubarões são menos perigosos do que muitas pessoas acreditam, citando estatísticas que demonstram a baixa incidência de ataques em comparação a outras causas de morte. No Brasil e na Austrália, diversas espécies de tubarões estão ameaçadas, sendo essencial adotar medidas de preservação.
Por fim, Marcelo Reis enfatizou que o método desenvolvido pode ser aplicado não só à pesca, mas também a estudos de extrativismo, adaptando-se às necessidades de cada localidade. O trabalho do pesquisador, em parceria com o professor William Figueira da Universidade de Sydney, representa um avanço significativo na preservação de espécies marinhas ameaçadas.