Em Muçum, outra localidade afetada pelas enchentes, o cenário no cemitério municipal é desolador. Lápides destroçadas e escombros tornam o local quase irreconhecível para os moradores que visitam o espaço em busca de seus entes queridos. Esta foi a terceira grande enchente que atingiu a cidade nos últimos oito meses, mas a mais recente provocou danos irreparáveis ao cemitério, levando inclusive todos os documentos de sua administração.
A zeladora Ivete Pegoraro, que trabalha no cemitério há anos, enfatiza a dificuldade em calcular o número de corpos ali enterrados devido à perda de documentação. A transferência dos restos mortais para um novo local seguro requer um processo burocrático que envolve a contratação de funerárias e a apresentação de diversos documentos, tornando a tarefa ainda mais complexa para os familiares enlutados.
Em meio a essa tragédia, alguns moradores tomaram iniciativas para ajudar na reconstrução. A aposentada Lorena Zanetti, por exemplo, doou um terreno para a construção de um novo cemitério, em troca de um terreno seguro para ela e sua família. Outros, no entanto, enfrentam dificuldades financeiras para realizar a transferência dos entes queridos, priorizando a reconstrução de suas casas.
Diante desse cenário de desolação e perdas irreparáveis, as prefeituras dos municípios atingidos se mobilizam para reconstruir não só as cidades, mas também os cemitérios devastados pelas enchentes. A tarefa árdua de transferir os corpos e reconstruir esses espaços demandará tempo e esforço, mas a esperança permanece entre os moradores de que, com solidariedade e união, será possível superar essa crise e honrar a memória daqueles que se foram.