Denúncias de internações forçadas na Cracolândia de São Paulo são protestadas por funcionários do programa Redenção na Rua.

Nesta sexta-feira (10), funcionários do programa Redenção na Rua, da Prefeitura de São Paulo, divulgaram uma carta aberta denunciando internações forçadas na cracolândia, região central da capital paulista. Os servidores protestam contra a demissão da gestora Andrea Guerra, coordenadora do programa, e acusam a organização Afne, que administra o Caps da região, de atuar de forma violenta e ineficaz.

Segundo a carta assinada pela “Equipe Redenção na Rua”, os funcionários enviaram o documento a órgãos da prefeitura e ao secretário municipal de Projetos Estratégicos, Edsom Ortega. A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) negou as alegações de internações sem autorização judicial e defendeu que o serviço denunciado pelos servidores oferece acolhimento multidisciplinar para dependentes químicos.

As denúncias se concentram no Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) da Afne, que realiza internações compulsórias na cracolândia. Enquanto o programa Redenção na Rua adota uma política de redução de danos, os servidores afirmam que o SCP tem intensificado as internações forçadas. Relatos apontam que profissionais do SCP oferecem bebida alcoólica, comida e refrigerante aos usuários como forma de barganha para convencê-los a se internarem.

Além disso, a carta menciona Aglaé Amaral Souza, coordenadora do SCP, que foi investigada em 2007 pelo assassinato de um servidor público em Salvador. As acusações não foram comprovadas, mas essa informação é destacada pelos servidores como um ponto crítico da situação.

A prefeitura respondeu às denúncias afirmando que a internação compulsória só é autorizada por juízes de direito e que todas as alternativas terapêuticas são oferecidas aos pacientes de forma voluntária.

As alegações dos servidores evidenciam um conflito de interesse entre a abordagem de redução de danos do programa Redenção na Rua e as práticas de internação compulsória adotadas pelo SCP. A situação na cracolândia continua a gerar debate sobre a melhor forma de lidar com o problema da dependência química e integrar os usuários de drogas de forma mais humana e eficaz.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo