Cooperativa de cicloentregadoras lança plataforma Señoritas de entregas em São Paulo para combater precarização do trabalho.

Na última quinta-feira (9), na cidade de São Paulo, uma cooperativa de cicloentregadoras lançou a plataforma Señoritas de entregas, com o objetivo de combater a precarização do trabalho e oferecer uma alternativa ao modelo tradicional das empresas de aplicativo de entrega. A iniciativa, composta exclusivamente por entregadoras mulheres e pessoas trans, surgiu como resposta à violência de gênero enfrentada por essas trabalhadoras em outras empresas do segmento.

Fundada por Aline Os, a cooperativa desenvolveu um algoritmo que visa garantir qualidade nos serviços de entrega e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida das entregadoras. Aline, que é artista plástica e mestre em poéticas visuais pela USP, começou a fazer entregas de bicicleta em 2015 e percebeu a deterioração das condições de trabalho ao longo dos anos.

Com o apoio voluntário do Núcleo de Tecnologia do MTST e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, a plataforma busca garantir o menor custo para o consumidor, maior renda para as entregadoras e melhor aproveitamento dos itinerários. Aline destacou que as empresas de aplicativo passaram a pagar muito mal os trabalhadores nos últimos anos, levando a uma mobilização por parte do Ministério do Trabalho para regulamentar a atividade dos entregadores.

O projeto de lei apresentado em 4 de março no Palácio do Planalto buscava regulamentar a atividade dos trabalhadores de aplicativos, mas acabou excluindo o setor de entregas em duas rodas. Apesar disso, propôs mudanças para o setor de “quatro rodas”, como Uber e 99. O presidente Lula criticou a falta de acordo com o setor de entregas e afirmou que era necessário negociar com empresas como iFood.

A plataforma Señoritas está disponível apenas em São Paulo, mas Aline Os afirmou que o algoritmo será disponibilizado gratuitamente para outras cooperativas de entrega do país em uma segunda etapa. A iniciativa representa uma luta importante contra a precarização do trabalho e a violência de gênero sofrida pelas trabalhadoras do setor de entregas.

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