Segundo informações repassadas pelas redes sociais dos indígenas kumaruaras e do Conselho Indígena do Território Kumaruara, o gesto de passar a tinta de urucum foi uma demonstração de resistência ao projeto da Ferrogrão, visto como prejudicial aos povos indígenas da região. O ato foi realizado como uma forma de demarcar a presença e força dos povos afetados pelo crescimento da soja, envenenamento dos rios e solos por agrotóxicos, grilagem de terras e outros impactos negativos.
A Ferrogrão é um projeto que atravessa áreas sensíveis da Amazônia, em um percurso de quase 1.000 km, ligando a região de produção de grãos em Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), no rio Tapajós. Indígenas do baixo rio Tapajós afirmaram não ter sido convidados formalmente para o seminário organizado pelo Ministério dos Transportes, o que gerou ainda mais indignação em relação ao projeto da ferrovia.
Representantes dos povos indígenas, quilombolas e movimentos sociais da região já haviam realizado um tribunal popular para julgar as violações relacionadas à Ferrogrão, apontando os impactos negativos que a obra traria para as comunidades locais. No entanto, o ministro dos Transportes, Renan Filho, defende a Ferrogrão como um investimento arrojado que trará eficiência ao transporte de cargas, especialmente grãos, no Brasil central.
Diante do conflito de interesses e das preocupações levantadas pelos povos indígenas e comunidades tradicionais afetadas, a discussão sobre a viabilidade e os impactos socioambientais da Ferrogrão continua sendo um tema central de debate na região do baixo rio Tapajós. A resistência e a mobilização desses grupos em defesa de seus territórios e modos de vida têm sido fundamentais para dar visibilidade e voz às comunidades impactadas por grandes empreendimentos como a Ferrogrão.