O papel das mães é sempre moldado por narrativas culturais, uma vez que não é simplesmente um fato natural, mas sim um conceito construído socialmente. As mulheres historicamente têm sido responsáveis pelos cuidados, seja dos filhos, dos idosos, dos maridos, entre outros, desempenhando um papel crucial que contraria o modelo de exploração e competição que rege as relações sociais.
A maternidade é exaltada de um lado e limitada do outro, refletindo a contradição entre a valorização do cuidado e a restrição das aspirações femininas. As mulheres assumem a maternidade em condições extremas, como em casos de estupro, pobreza e abandono, contando com redes de solidariedade para enfrentar tais desafios.
No entanto, as mães são frequentemente colocadas em um pedestal inalcançável, sendo julgadas severamente por expressar arrependimento, por se afastarem dos filhos ou por simplesmente não gostarem deles. Essa pressão social e a glamorização da maternidade como um sacrifício silencioso contribuem para a marginalização e o julgamento das mães que fogem ao padrão idealizado.
Numa sociedade que valorizasse os cuidados e a solidariedade, o Dia das Mães seria uma ocasião para celebrar as múltiplas formas de cuidado e dedicação presentes na maternidade. Infelizmente, a data muitas vezes serve como uma compensação simbólica pelos dias de descaso e desigualdade enfrentados pelas mulheres em seu cotidiano.
É fundamental repensar o papel da maternidade e do cuidado na sociedade, desafiando as normas de gênero e promovendo uma cultura de responsabilidade compartilhada. Celebrar as mães significa reconhecer não apenas seus sacrifícios, mas também sua força, resiliência e capacidade de transformar a realidade em busca de um mundo mais equitativo e justo.