Em uma casa isolada no rio Mujirum, Dalva, mãe de oito filhos, enfrenta a escassez de alimentos mesmo com a coleta de açaí e a pesca do camarão como fontes de renda da família. O açaí é pouco e o camarão está cada vez mais escasso, o que aumenta a insegurança alimentar na região. O Bolsa Família de R$ 1.290,00 é essencial para a sobrevivência da família, que muitas vezes se vê obrigada a se contentar apenas com farinha na dispensa.
Outra família ribeirinha, a de Leu, também compartilha das dificuldades causadas pela escassez de alimentos. Com oito filhos e dez pessoas na casa, a mulher recebe o Bolsa Família no valor de R$ 650, mas nem sempre a quantia é suficiente para garantir três refeições por dia. A coleta de açaí, a pesca do camarão e a caça de preguiça tornaram-se atividades rotineiras na busca por alimentos.
A situação se agrava nas franjas das cidades do Marajó, onde a fome e a insegurança alimentar são recorrentes, especialmente em Melgaço, considerada a cidade com o pior IDH do país. Nas escolas, a falta de merenda é uma realidade, com crianças retornando para casa com fome devido à escassez de alimentos. Além disso, a precariedade das estruturas escolares, como a falta de abastecimento de água e a ausência de equipamentos básicos, comprometem o aprendizado dos alunos.
O governo federal e estadual tem realizado ações emergenciais para combater a fome na região, com a distribuição de cestas básicas e a implementação de programas de assistência social. No entanto, a situação persiste e a população ribeirinha do Marajó ainda enfrenta desafios diários para garantir sua segurança alimentar.
Diante desse cenário desolador, é urgente a necessidade de políticas públicas mais efetivas e investimentos na região para garantir a dignidade e o bem-estar dessas comunidades tão vulneráveis. Enquanto isso, famílias como a de Dalva e Leu lutam diariamente para não sucumbirem à fome e à miséria que assolam o arquipélago do Marajó.