Recentemente, um grupo de pesquisadores vinculados a instituições brasileiras publicou um estudo na revista Earth System Science Data, no qual apresentaram mapas detalhados que descrevem a quantidade das diversas formas de fósforo no solo amazônico. Esses mapas foram elaborados com uma nova metodologia baseada em inteligência artificial, demonstrando que a região possui uma concentração muito baixa desse mineral.
A falta de fósforo no solo amazônico tem consequências significativas para o ciclo de crescimento das espécies vegetais, podendo impedir, por exemplo, a reação das árvores ao aumento de dióxido de carbono associado às mudanças climáticas. O pesquisador João Paulo Darela Filho, que liderou o estudo, desenvolveu uma nova técnica estatística, baseada em aprendizado de máquina, para aprimorar a precisão dos mapas.
Os resultados da pesquisa foram obtidos a partir de dados de 108 locais na Amazônia e revelaram que a concentração média de fósforo total no solo da região é consideravelmente baixa em comparação com a média global. Além disso, os mapas apontam para uma distribuição desigual do fósforo, com áreas mais ricas na fronteira entre os Andes e a Amazônia.
Os cientistas acreditam que esses novos mapas podem ser muito úteis para a parametrização e avaliação de modelos de ecossistemas terrestres, fornecendo insights valiosos sobre a relação solo-vegetação na região amazônica. A utilização de inteligência artificial nesse estudo representa uma tendência crescente na ciência para a previsão de cenários futuros.
O avanço das pesquisas sobre a resiliência da Amazônia é essencial diante da constatação de que quase metade da região caminha para um ponto de não retorno até 2050, conforme estudo internacional liderado por brasileiros. A combinação de secas extremas e desmatamento pode comprometer a capacidade da floresta de se regenerar e cumprir seu papel crucial no sequestro de carbono. Essas descobertas ressaltam a urgência de ações para frear as mudanças climáticas e proteger a Amazônia e seus ecossistemas.