Ao me deparar com várias bandeiras sendo agitadas pelas sacadas dos prédios vizinhos, tive a triste constatação de que, apesar de eu ter escolhido morar em Copacabana com o intuito de me tornar mais uma das “véias dos gatos” do bairro, estava cercado de indivíduos nostálgicos de uma ditadura passada.
Durante a manifestação, fui obrigado a ouvir o discurso do deputado que defendia que o país necessitava de “homens com testosterona”, citando nomes como Silas Malafaia e Bolsonaro. A ironia da situação me despertou um misto de riso e tristeza, enquanto o funk, em versão acústica, era tocado no evento, versão essa apropriada pela direita e transformada em um manifesto misógino que denegrindo feministas e mulheres de esquerda.
Paralelamente a esse acontecimento, tomei conhecimento de que a segunda temporada da série Machos Alfa, produção espanhola disponível na Netflix, havia sido lançada. Diferentemente do título sugestivo, a série não exalta o machismo, mas critica-o de forma irônica. A trama aborda a jornada de quatro homens em um curso de desconstrução da masculinidade, levantando questões sobre igualdade de gênero e novos comportamentos.
A temporada apresenta a evolução dos personagens e como passam a questionar suas atitudes e pensamentos anteriormente enraizados. A série demonstra de maneira divertida e perspicaz esse momento de transição social no qual estamos inseridos, enfatizando a importância de os homens se engajarem na desconstrução de padrões machistas.
Em um país como o Brasil, no qual impera a cultura patriarcal, a participação ativa dos homens nessa desconstrução é essencial para uma mudança significativa. Com diálogo e informação, como mostrado na série, podemos avançar em direção a uma sociedade mais justa e igualitária. Em vez de testosterona, o que o país realmente necessita são mentes abertas e empáticas, dispostas a romper com antigos paradigmas.