Esquema de lavagem de dinheiro: empresa de ônibus acusada de ligação com o PCC usou laranjas em contratos com prefeituras de SP

A investigação do Ministério Público trouxe à tona um escândalo envolvendo a empresa de ônibus Transwolff, acusada de participar de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com os promotores, a empresa utilizou laranjas para assinar contratos com pelo menos duas prefeituras em São Paulo.

A operação que resultou na denúncia de 10 diretores e sócios da Transwolff revelou que a empresa firmou contratos suspeitos com as prefeituras de Cananéia e Iguape, no litoral sul do estado. Em Cananéia, os contratos foram assinados emergencialmente, sem licitação, com uma empresa laranja chamada Regina Gonçalves Alves- ME, que, segundo as investigações, tinha vínculos com a Transwolff.

Os contratos em questão previam repasses mensais de R$ 30 mil para a oferta de transporte de passageiros em determinadas rotas nos dias de semana. No entanto, a empresa não funcionava no endereço informado à Junta Comercial, levantando suspeitas sobre a transparência do processo de contratação. Além disso, o Tribunal de Contas do Estado identificou indícios de superfaturamento nos preços praticados no contrato.

A denúncia aponta para um possível conluio entre as empresas envolvidas para simular uma competição que na realidade não existiu, frustrando o caráter competitivo dos certames. Os promotores encaminharam as informações ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por suspeitas de cartel e infração à livre concorrência de mercado.

A Transwolff, que teria utilizado dinheiro do crime organizado para participar de licitações municipais em 2015, também é citada por promotores em um esquema de inclusão de pessoas indicadas pelo PCC como cooperados, após um significativo aumento no capital social da empresa. A investigação aponta para uma série de irregularidades e conexões suspeitas que envolvem a empresa de ônibus e seus dirigentes.

A reportagem procurou as prefeituras de Cananéia e Iguape, bem como a empresa Regina Gonçalves Alves- ME, para comentarem sobre o caso, mas até o momento não obteve retorno. O ex-prefeito Gabriel Rosa e os demais envolvidos também não responderam aos questionamentos da imprensa. A situação levantada pela investigação do Ministério Público coloca em xeque a transparência e legalidade dos contratos firmados pela Transwolff, evidenciando a gravidade do esquema de lavagem de dinheiro e corrupção descoberto.

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