Essa celebração, conhecida como “Feijoada dos Amigos”, acontece na rua e reúne pessoas devotas de São Jorge, que compartilham não apenas a fé, mas também a amizade e a energia positiva. Caio conta que a ligação de sua família com o santo vem desde a infância, e a feijoada se tornou uma tradição que se estendeu para os amigos, que se uniram em torno desse momento especial.
A festa em Realengo é um exemplo do sincretismo religioso brasileiro, que une elementos da religião católica com as religiões de matriz africana. São Jorge, associado ao orixá Ogum, é lembrado nesse dia tanto por católicos quanto por seguidores de religiões afro-brasileiras.
A feijoada, prato tipicamente brasileiro, tem uma ligação especial com Ogum, orixá da agricultura e da guerra, e é reverenciada como alimento sagrado em terreiros de candomblé. A tradição da feijoada em homenagem a São Jorge foi iniciada por Pai Procópio, do Ilê Ogunjá, em Salvador, e se espalhou por todo o país, tornando-se parte integrante das festividades em honra ao santo guerreiro.
No Rio de Janeiro, a tradição da feijoada de Ogum/São Jorge se entrelaça com o samba, e até mesmo as escolas de samba oferecem esse prato em celebração ao santo. A Unidos do Viradouro, campeã do carnaval carioca, é uma dessas escolas que mantém viva a devoção a São Jorge durante a feijoada anual.
Assim, a festa em Realengo transcende questões religiosas e se torna um momento de confraternização entre amigos, marcado pela fé, pela amizade e pela partilha de uma refeição tão simbólica para a cultura brasileira. A união em torno de São Jorge e da feijoada reforça não apenas os laços entre as pessoas, mas também a importância das tradições e da espiritualidade em nossa sociedade.