É preocupante observar que, no cenário editorial atual, muitas narrativas que exploram a experiência humana diante de adversidades são negligenciadas em detrimento de relatos superficiais e clichês de superação. A busca por histórias autênticas e impactantes que abordem temas como a deficiência não encontra eco suficiente nas editoras, que parecem preferir discursos simplistas e comerciais.
A falta de profundidade e sensibilidade na abordagem de questões relacionadas à diversidade física e intelectual reflete-se na escassez de obras que estimulem a reflexão, a empatia e a mudança de perspectiva. O capacitismo, que é o preconceito contra pessoas com deficiência, é um tema complexo e urgente que carece de mais espaço na literatura nacional.
Além disso, a ausência de livros que discutam a tutela social imposta àqueles com deficiência, limitando suas escolhas e oportunidades, é um reflexo do silenciamento editorial em relação às questões envolvendo a diversidade. Enquanto obras estrangeiras como “Ensaio sobre a Cegueira” e “Longe da Árvore” têm impacto e relevância, a produção nacional ainda engatinha nesse sentido.
É fundamental que as editoras brasileiras se abram para novas narrativas, que ampliem o horizonte literário e representativo do país, dando voz e espaço para autores que abordem a diversidade de forma autêntica e provocativa. A literatura é uma ferramenta poderosa de transformação e inclusão, e cabe a todos os agentes do meio editorial contribuir para uma maior representatividade e diversidade em nossa produção literária.