Candomblecistas apagam frases de intolerância religiosa em muros de estações de trem na Baixada Fluminense e recebem apoio da população.

Em 2015, um grupo de candomblecistas no Rio de Janeiro decidiu agir contra a manifestação de intolerância religiosa presente nos muros das estações de trem na Baixada Fluminense. Apagando frases preconceituosas como “só Jesus expulsa Ogum, Iemanjá ou Tranca Rua das pessoas”, os candomblecistas pintaram mensagens de apoio às religiões de matriz africana.

Apesar de algumas críticas, o projeto foi defendido pelo grupo e recebeu apoio de outras pessoas. No entanto, quase uma década depois, uma situação semelhante ocorreu durante o show da cantora Ludmilla no festival Coachella, nos Estados Unidos. Uma frase projetada durante a apresentação, “só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas”, causou polêmica e foi considerada preconceituosa, especialmente em um contexto de aumento da intolerância religiosa no Brasil.

Segundo especialistas e estudiosos, a associação de Tranca Rua com demônios é fruto de preconceitos profundos enraizados na sociedade brasileira, remontando aos processos de colonização. O nome Tranca Rua refere-se a uma linhagem de exus, entidades espirituais que atuam como mensageiros dos orixás na umbanda.

Diferentemente do candomblé, onde as divindades são cultuadas diretamente, na umbanda os rituais são realizados por meio dos exus. Tranca Rua, regido por Ogum, é associado não apenas à abertura de caminhos, mas também às lutas diárias das pessoas, sendo uma figura representada com uma capa, cartola, tridente e charuto.

Portanto, a presença de Tranca Rua em manifestações artísticas e culturais, como o show de Ludmilla, levanta questões sobre respeito às crenças religiosas e a necessidade de combater a intolerância que ainda persiste na sociedade brasileira. É fundamental promover o diálogo e o respeito às diferentes práticas religiosas, valorizando a diversidade e a pluralidade cultural do país.

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