Essa atitude da organização reflete a insatisfação do movimento indígena com o governo petista até o momento, que tem enfrentado dificuldades em avançar com políticas públicas destinadas a garantir os direitos dos povos indígenas, especialmente no que diz respeito às demarcações de terras, que têm sido um processo lento no Executivo e sofrem derrotas no Legislativo.
Apesar das promessas do governo de demarcar 14 territórios no primeiro ano de mandato, apenas 8 demarcações foram efetivamente realizadas, gerando descontentamento e cobranças por parte dos povos indígenas.
Em contrapartida, em 2023, Lula foi convidado para o ATL e marcou presença, anunciando as primeiras demarcações de seu novo governo e se posicionando contra o marco temporal. Agora, em 2024, os últimos seis territórios restantes devem ser homologados pelo presidente no encerramento do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), órgão que foi reativado após ter sido extinto pelo governo Bolsonaro.
O ATL é um evento anual que acontece em abril, conhecido como o Abril Indígena, com o dia 19 marcando a celebração do Dia dos Povos Indígenas. Este ano, o 20º Acampamento Terra Livre será realizado de 22 a 26 de abril, com foco nas demarcações e em uma reflexão sobre as duas décadas de luta em Brasília.
A decisão de não convidar Lula para o ATL de 2024 faz parte de uma mudança de estratégia por parte do movimento indígena, que busca agora ser recebido não apenas pelo presidente, mas também pelos presidentes do Senado e da Câmara, além de ministros do STF e da Esplanada. A expectativa é de que este ano o evento seja mais propositivo, visando destravar a política indigenista e garantir avanços para os povos indígenas no país.