Médico do Flamengo, Célio Cotecchia, que enfrentou a ditadura militar, morre aos 85 anos após mais de duas décadas de dedicação ao clube.

O ilustre médico Célio Cotecchia, falecido aos 85 anos na última sexta-feira (12), teve uma vida marcada por eventos que moldaram não apenas a sua carreira, mas também a sua trajetória pessoal. Filho de Carmine Humberto Cotecchia, ele viveu momentos que poderiam ter mudado o rumo de sua vida durante a ditadura militar no Brasil.

Em 1964, Cotecchia era estudante de medicina na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) quando um general do Exército convocou alunos para trabalharem no corpo médico da Força, em meio ao clima de instabilidade política do golpe que se aproximava. Seu pai, com firmeza, negou-se a permitir que o filho servisse ao Exército, temendo manipulações e falsificações de laudos médicos para encobrir crimes do regime.

Essa atitude do pai deixou uma marca profunda em Cotecchia, que viu colegas de faculdade terem suas carreiras prejudicadas por colaborarem com a ditadura. Por outro lado, um evento feliz marcou a vida do médico: sua convocação para ser o responsável pelo tratamento dos atletas do time de remo do Flamengo, em uma partida que mudaria sua vida e o lançaria em uma carreira de mais de duas décadas como médico do clube.

Ao longo de sua vida, Cotecchia testemunhou e participou da era de ouro do Flamengo, contribuindo para a formação de jogadores como Zico e integrando delegações vitoriosas em competições nacionais e internacionais. Seu legado vai além do futebol, refletindo-se na atenção dedicada aos pacientes e na dedicação à medicina esportiva.

Cotecchia deixou a esposa, três filhos, seis netas e um neto, sendo lembrado por sua piada contagiante e sua paixão por churrascos aos domingos. Sua jornada de trabalho incansável só foi interrompida pela pandemia de Covid-19, quando, aos 80 anos, decidiu se aposentar. Sua morte deixa um vazio na comunidade médica e esportiva, mas seu legado perdurará na memória daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

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