A proposta da nova via metroviária de 31 km entre a Lapa e Santo André, ainda na fase de anteprojeto de engenharia, prevê 24 estações. No entanto, uma das rotas estudadas tem preocupado os moradores, pois esboços que circularam por aplicativos de mensagens indicavam a construção de grandes poços de ventilação e saída de emergência em praças frequentadas pelos residentes.
Um proprietário de uma casa que pode ser desapropriada afirmou que a vizinhança está apavorada, principalmente devido à falta de divulgação da proposta e suas consequências. O Metrô informou ter realizado audiência pública com moradores e modificado os locais inicialmente previstos para as intervenções, preservando as praças e descartando a construção da estação Jardim Europa.
Detalhes do projeto serão apresentados a integrantes da Ame Jardins, associação local de moradores, que aguardam informações antes de manifestar uma posição sobre o projeto. A associação, que tenta evitar uma oposição institucional à expansão do transporte, defende a preservação das características residenciais do bairro, que têm proteções específicas contra alterações.
Enquanto moradores de Pinheiros viram demolições em série de casas para dar lugar a prédios, os Jardins permaneceram imunes à verticalização devido a tombamentos e restrições impostas pela Lei de Zoneamento. Apesar de propostas de alteração para permitir a ocupação dos lotes por mais de uma família, as características exclusivamente residenciais ainda predominam nas ruas dos Jardins. A revisão da Lei de Zoneamento no ano passado apenas resultou em mudanças pontuais.
A pressão entre proprietários em busca de valorização de imóveis e defensores das regras atuais evidenciou a resistência dos moradores dos Jardins em manter a identidade do bairro. A apresentação do projeto do Metrô aos moradores e a discussão sobre as futuras mudanças na região prometem ser cenários de intensos debates e negociações para conciliar interesses diversos em uma das áreas mais emblemáticas da capital paulista.