O Tribunal de Cassação da Argentina revelou que o ataque foi uma retaliação ao fato de o país ter rompido um acordo de cooperação nuclear com Teerã. Com base no papel político e estratégico do Irã nesse episódio, a decisão judicial abriu uma brecha para as famílias das vítimas buscarem ações legais contra a República Islâmica. No entanto, apesar dos mandados de prisão emitidos pela Interpol, nenhum cidadão iraniano condenado na Argentina foi entregue nos últimos 30 anos.
Essa determinação do tribunal não foi surpreendente, uma vez que o sistema judiciário argentino há muito tempo sustenta a tese de que o Irã estava por trás do ataque à AMIA. A relação entre os dois países tem sido tensa, especialmente após o fracasso de uma investigação conjunta. O Irã, por sua vez, negou qualquer envolvimento nesse terrível incidente.
Os magistrados identificaram altos funcionários iranianos e comandantes paramilitares da Guarda Revolucionária como responsáveis pela execução do ataque, motivado pelo cancelamento de contratos que forneceriam tecnologia nuclear a Teerã nos anos 80. A decisão foi embasada em relatórios confidenciais de inteligência.
Além do atentado à AMIA, a Argentina sofreu outro ataque em 1992, contra a embaixada israelense em Buenos Aires, que resultou em 29 mortes. Ambos os episódios foram investigados minuciosamente, e as conclusões sugerem ligações entre esses ataques e a política externa do então presidente Carlos Menem.
Esta decisão judicial chega em um momento oportuno, às vésperas do 30º aniversário do atentado à AMIA. Autoridades argentinas planejam anúncios significativos para marcar essa data, enquanto Israel já solicitou que a Guarda Revolucionária do Irã seja designada como organização terrorista. A comunidade judaica da Argentina, composta por aproximadamente 230 mil pessoas, recebeu com entusiasmo a determinação do tribunal como um marco importante na história do país.