O destaque do evento foi a urgência que a questão da população em situação de rua assumiu nos últimos anos. A urbanista Raquel Rolnik, professora da USP, ressaltou a emergência habitacional que a cidade enfrenta atualmente, em decorrência do modelo de planejamento urbano em vigor. Segundo ela, as políticas urbanas e o Plano Diretor de São Paulo contribuem para a produção em massa de pessoas em situação de rua.
Padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal para a pastoral do povo da rua da Arquidiocese de São Paulo, também abordou a relação entre o mercado imobiliário e o aumento da população em situação de rua na cidade. O crescimento acelerado de construções impacta a dinâmica habitacional e não prioriza as necessidades reais da população.
Os especialistas presentes no seminário ressaltaram a importância de uma abordagem integrada no combate à situação de rua, que vai além do simples fornecimento de moradia. O acompanhamento social, de saúde e alimentação são fundamentais para o acolhimento eficaz dessas pessoas. Além disso, a atenção à saúde integral foi destacada como essencial, abordando não apenas questões de dependência química, mas também doenças comuns nessa população.
A abordagem humanizada e a mudança de concepção da sociedade sobre a situação de rua foram pontos levantados durante o evento. A presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, ressaltou a necessidade de transformar o imaginário da sociedade brasileira para promover investimentos e reflexões que possam mudar essa realidade.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, enfatizou que o seminário foi apenas o começo de uma conversa importante, destacando o engajamento da indústria brasileira em buscar soluções concretas para os problemas sociais enfrentados no país. Em meio a discussões e reflexões, o evento se mostrou como um marco na busca por soluções efetivas e humanizadas para a questão da população em situação de rua em São Paulo.