Alison foi aprovado em medicina pelo Provão Paulista, vestibular exclusivo para alunos da rede pública, concorrendo pela reserva de vagas para candidatos egressos da rede pública e autodeclarados PPIs (pretos, pardos e indígenas). No entanto, a comissão de heteroidentificação da USP discordou da autodeclaração do jovem como pardo, após avaliação de uma fotografia e um encontro virtual de cerca de um minuto.
A USP havia apresentado os motivos para a negação da matrícula, alegando que Alison não apresentava o conjunto de características fenotípicas de uma pessoa negra. No entanto, o juiz considerou a argumentação genérica e em aparente contradição com as fotografias apresentadas.
O magistrado também apontou que Alison pode ter sido prejudicado pelo processo de avaliação da comissão, já que não foi garantida a ele a oportunidade de ser avaliado presencialmente, diferentemente dos candidatos selecionados pela Fuvest, vestibular próprio da USP.
Alison não foi o único candidato com a autodeclaração racial contestada pela universidade neste ano, gerando 204 recursos de candidatos após terem a autodeclaração negada. A USP se manifestou defendendo o processo de heteroidentificação, mas o reitor Carlos Carlotti Junior prometeu realizar mudanças para garantir que todo candidato seja avaliado presencialmente.
O caso de Alison dos Santos Rodrigues evidencia a importância do debate sobre as políticas de cotas raciais nas universidades e a necessidade de aprimoramento nos processos de avaliação da autodeclaração racial. A decisão judicial reforça a busca pela equidade e justiça no acesso à educação superior, promovendo a inclusão de candidatos que se enquadram nos critérios estabelecidos pelas políticas de cotas.