Essa redução na taxa de natalidade reflete uma transformação demográfica em andamento no Brasil desde a década de 1960. Segundo a pesquisadora Janaína Feijó, da FGV-Ibre, esse processo já ocorreu em diversos países desenvolvidos e, nas últimas três décadas, tem se intensificado.
O IBGE evidenciou que todas as regiões do país apresentaram queda no número de nascimentos, sendo que o Nordeste registrou a maior redução (-6,7%), seguido pelo Norte (-3,8%), Sudeste (-2,6%), Centro-Oeste (-1,6%) e Sul (-0,7%). Apenas Santa Catarina (2%) e Mato Grosso (1,8%) tiveram aumento na natalidade.
A pesquisa também revelou que a maternidade tem sido postergada, com 39% dos bebês nascidos em 2022 sendo de mães com 30 anos ou mais. Além disso, houve uma redução de 14% no número de adolescentes (menores de 15 anos) que se tornaram mães em 2022. Já a proporção de mães na faixa etária entre 20 e 29 anos caiu, enquanto as mães com idade entre 30 e 39 anos aumentaram significativamente.
A tendência de adiamento da maternidade também é observada em nível mundial, à medida que as mulheres buscam investir em educação e carreira antes de ter filhos. Esse comportamento, segundo Feijó, pode ter impactos negativos no futuro do país, devido à queda na mão de obra jovem e aumento da população idosa.
O Censo divulgado em 2022 apontou um crescimento populacional de apenas 0,52% nos últimos dez anos no Brasil, o menor registrado desde 1872. Esse cenário traz desafios econômicos, com a diminuição da população em idade de trabalhar e o aumento da população aposentada. A taxa de fecundidade no país está abaixo do ideal, o que pode resultar em consequências para a economia e a sociedade no longo prazo.