Ronnie Lessa e sua equipe, com a necessidade de cumprir as ordens, teriam monitorado os dois alvos praticamente ao mesmo tempo, planejando até mesmo utilizar o mesmo carro nas duas execuções. No entanto, Regina Celi não chegou a ser assassinada.
Detalhes sobre os planos de Lessa foram revelados por ele mesmo em um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, no âmbito das investigações sobre a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em março de 2018. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal e resultou na prisão de três suspeitos apontados como os mandantes do crime: o deputado federal Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.
O advogado de Domingos Brazão negou o envolvimento de seu cliente nos homicídios e declarou surpresa com as acusações. As defesas de Rivaldo Barbosa e Chiquinho Brazão não foram contatadas.
O vínculo de Ronnie Lessa com o crime do jogo do bicho é conhecido há pelo menos 10 anos. Ele teria sido recrutado para assassinar Marielle e Regina Celi quase simultaneamente. Bernardo Bello, apontado como o mandante do assassinato de Regina Celi, estaria envolvido em disputas pelo controle do Salgueiro.
Após a conclusão das investigações e as prisões dos suspeitos, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou que as ações representam um “triunfo expressivo do Estado brasileiro contra a criminalidade organizada”. As investigações sobre a morte de Marielle e Anderson Gomes foram encerradas, segundo o diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues.
Esses acontecimentos revelam um cenário complexo de relações criminosas e disputas pelo poder, que resultaram em tragédias como a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes. A justiça avança, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados no combate à criminalidade organizada.