Olmos está preocupado com a falta de habilidades de leitura e escrita de sua filha mais nova, que não atingiu o nível esperado para sua idade. Ele acredita que seria mais benéfico para ela repetir o segundo ano do ensino fundamental para melhorar suas habilidades. No entanto, devido à progressão continuada adotada pela rede pública, essa opção não está disponível.
Na progressão continuada, os alunos recebem aulas de reforço, mas não são reprovados ao final do ano. Olmos questiona como a filha irá progredir e aprender novos conteúdos, como inglês, se ainda tem dificuldades básicas de escrita no idioma principal.
Muitos pais compartilham do descontentamento de Olmos em relação à progressão continuada, pois acreditam que os alunos podem avançar sem adquirir conhecimentos essenciais. A falta de repetência ao final de cada ciclo também é motivo de críticas, pois alguns alunos chegam ao final do ensino fundamental sem dominar conceitos básicos.
A pesquisadora Anna Helena Altenfelder, do Centro de Estudos e Pesquisa em Educação (Cenpec), defende que a progressão continuada foi criada para combater a evasão escolar, mas aponta que o método é questionado devido aos problemas de aprendizagem que surgem. Resultados de avaliações de rendimento escolar mostram que muitos alunos apresentam conhecimentos abaixo do esperado em disciplinas como português e matemática.
A discussão em torno da progressão continuada também se estende a outros países. Enquanto algumas nações adotaram políticas de apoio aos alunos com dificuldades, outras mantêm a repetição como método pedagógico. Países como Finlândia, Noruega e Japão reduziram ou eliminaram a reprovação, enquanto o Chile obteve sucesso com políticas de apoio aos estudantes.
Diante dessas questões, especialistas defendem a importância de investir em estratégias eficazes de reforço escolar e condições adequadas de trabalho para os professores, antes de rever a aplicação da progressão continuada. A educação de qualidade é um desafio que demanda investimentos significativos, conclui Claudia Costin, do Instituto Singularidades.