Segundo Barcellos, os mapas de ondas de calor e as anomalias de temperatura apresentaram semelhanças significativas, destacando a coincidência dos indicadores de temperatura com os históricos de casos de dengue de 2000 a 2020. O pesquisador observou um aumento da frequência de anomalias de temperatura nas regiões centrais do país, como o oeste de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, onde a dengue vem se propagando rapidamente neste verão.
O estudo apontou que áreas antes não consideradas de alta incidência da doença, como o Distrito Federal, estão enfrentando surtos de dengue devido ao aumento do número de dias de calor acima da média. Barcellos ressaltou que a altitude e as alterações climáticas estão contribuindo para a transmissão do vírus, principalmente nas regiões do Cerrado afetadas pelo desmatamento e pela degradação ambiental.
Além disso, o pesquisador alertou para a necessidade de ações governamentais eficazes no combate ao mosquito transmissor da dengue, pois a curva de casos tem apresentado um aumento desde setembro do ano passado. Barcellos enfatizou a importância da utilização de tecnologias como drones e sistemas de informação para mapear focos da doença, a fim de agilizar as medidas de prevenção.
O estudo, publicado no portal Scientific Reports da revista Nature, destaca a importância da vigilância e do monitoramento contínuo para o controle da dengue nas regiões afetadas. A pesquisa contou com a colaboração de outros pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde do Icict/Fiocruz e do Centro de Supercomputação de Barcelona, ressaltando a importância da cooperação técnica para o enfrentamento dessa problemática de saúde pública.