Câmara de SP votará abertura de CPI para investigar violações contra pessoas em situação de rua na região da cracolândia

A proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar ONGs atuantes na região da cracolândia, no centro de São Paulo, sofreu uma importante mudança em seu escopo na Câmara Municipal. Agora, a CPI passará a apurar violações contra a dignidade humana, especialmente crimes sexuais, assédio e abusos contra pessoas em situação de rua.

A alteração foi apresentada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), autor do pedido de CPI, e tem como alvo direto o padre Júlio Lancellotti, responsável pela paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, e coordenador da Pastoral do Povo da Rua.

O trabalho de assistência de Lancellotti à população de rua tem sido atribuído por parte da vizinhança como responsável pela presença de dependentes químicos, furtos, sujeira e desvalorização de imóveis, comuns às cenas abertas de uso de crack.

Com a abordagem mais abrangente, a CPI não se limitará apenas às ONGs, abrindo caminho para a investigação de Lancellotti, que já era considerado um alvo implícito desde o início da proposta.

A nova proposta de CPI precisa de 19 assinaturas, um terço dos 55 vereadores de São Paulo, para ser protocolada. Posteriormente, será necessária a aprovação de 28 vereadores, a maioria absoluta da Casa, para instauração da CPI. A abertura da CPI dependerá da articulação do presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil).

O texto de Nunes foi ajustado para permitir a investigação de supostos crimes sexuais cometidos por indivíduos que lidam com pessoas vulneráveis, incluindo o padre Júlio Lancellotti, que nega as acusações.

A Arquidiocese informou que abriu uma nova investigação para apurar a conduta do pároco após ter conhecimento de um “suposto novo fato de abuso sexual”. Lancellotti sempre negou as acusações e afirmou que confia que as investigações esclarecerão a verdade dos fatos.

Portanto, a proposta de CPI na Câmara Municipal de São Paulo segue sob análise e discussão, com o objetivo de investigar violações contra a dignidade humana, em especial os crimes sexuais, assédio e abusos contra pessoas em situação de rua, caminhando para uma possível investigação do padre Júlio Lancellotti. A decisão final dependerá do apoio necessário dos vereadores e da articulação política na Casa.

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