Recentemente, vimos diversos episódios que ilustram a violência exercida pelas forças de segurança. Desde um jovem sendo alvejado pelas costas no Distrito Federal até a morte por asfixia em uma viatura oficial no Sergipe, os casos se multiplicam e escancaram a gravidade do problema. No entanto, o descaso com as denúncias de abusos durante a Operação Verão na Baixada Santista, por parte do governador da maior unidade da federação, lança luz sobre a negligência das autoridades em lidar com a questão.
De acordo com registros oficiais, em São Paulo, as mortes decorrentes de intervenção policial aumentaram alarmantes 94% nos primeiros meses de 2024. Organizações de direitos humanos como a Conectas e a Comissão Arns não hesitaram em levar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU), diante do grave cenário.
A postura do governador diante das denúncias de abusos é emblemática, ao declarar que não se importa com as críticas, seja da ONU, da Liga da Justiça ou de qualquer outro órgão. Tal atitude revela um descaso inaceitável com a cidadania e os direitos humanos, reforçando a urgência de se repensar as práticas policiais e promover mudanças efetivas no sistema de segurança pública.
É crucial compreender que a história da polícia militar no Brasil está enraizada em um contexto colonialista, marcado pelo preconceito e racismo. A criação da Guarda Real de Polícia no século 19, com o intuito de proteger os interesses da elite, reflete a herança de um sistema hierarquizado e excludente que ainda perdura nos dias atuais.
Diante desse cenário, é fundamental reconhecer a urgência de se combater o racismo institucional presente nas práticas policiais, buscando uma segurança pública mais justa, inclusiva e respeitosa com todos os cidadãos. A mudança começa com a conscientização e a ação efetiva das autoridades e da sociedade civil para garantir a proteção e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente de sua cor de pele.