Segundo a matéria, os pescadores artesanais estavam perdendo gradualmente o acesso ao mar e aos cardumes, devido à presença dos barcos pesqueiros modernos. A pesca da tainha, por exemplo, estava desaparecendo, e os pescadores se viam obrigados a mudar de profissão diante das mudanças trazidas pela modernização e pela pressão de grandes empresas e do turismo na região.
O sociólogo Antonio Carlos S. Diegues, autor da tese de doutorado “Pesca e Marginalização do Litoral de São Paulo”, foi citado na reportagem, trazendo dados preocupantes sobre a realidade dos pescadores em Ubatuba. Muitos deles viviam abaixo da linha da pobreza, com rendimentos insuficientes e condições de trabalho precárias.
A chegada dos barcos de pesca mais tecnologicamente avançados levou alguns caiçaras a abandonarem a pesca artesanal para trabalharem nessas embarcações. Outros tentaram se organizar em cooperativas para enfrentar as dificuldades, mas esbarraram na falta de apoio oficial e em empréstimos inacessíveis.
Apesar dos esforços de instituições como a Asel (Ação Social Estrela do Litoral) em ajudar os pescadores, a situação era desafiadora e muitos viam suas terras e tradições sendo perdidas. A busca por alternativas de subsistência se tornava cada vez mais urgente para essas comunidades que, diante das transformações socioeconômicas, enfrentavam um futuro incerto.
O Jornal da Tarde, com sua abordagem crítica e investigativa, levantou questões importantes sobre a preservação da cultura e dos meios de vida dos pescadores e caiçaras de Ubatuba, evidenciando a complexidade dos desafios enfrentados por essas comunidades frente às mudanças provocadas pela modernização e pela exploração econômica.