Aumento de mortes por policiais militares preocupa no centro de São Paulo, conforme dados analisados pela Folha nos últimos 11 anos.

No centro da cidade de São Paulo, a enfermeira Deuza Cordeiro de Lima realiza diariamente uma comovente homenagem ao seu sobrinho, Thiago Gomes da Silva Cordeiro Lima, que foi vítima da violência policial. Thiago é mais uma dentre as 3.190 pessoas mortas por policiais militares na capital paulista nos últimos 11 anos, conforme apontam dados analisados pela Folha.

A análise dos dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) revela uma mudança na dinâmica desses casos ao longo dos anos. Enquanto a zona leste, que antigamente concentrava quase 40% das mortes, agora representa apenas 18,5% dos incidentes. Por outro lado, o centro e a zona oeste registram altas significativas na proporção de mortes.

A investigação dos casos de mortes causadas por intervenção policial são remetidas para uma unidade especializada em homicídios, porém muitos deles acabam sem solução na Justiça. Esse foi o caso de Thiago, que foi morto aos 19 anos por um policial militar em janeiro do ano passado. A versão oficial aponta que Thiago teria tentado roubar o policial, que reagiu atirando quatro vezes contra o jovem. No entanto, Deuza refuta essa versão, afirmando que seu sobrinho havia se matriculado em uma faculdade no dia anterior ao ocorrido.

A redução no número de mortes causadas por policiais militares na cidade nos últimos três anos coincide com a implementação do uso de câmeras corporais pelos agentes. Atualmente, todos os batalhões da capital e da Grande São Paulo estão equipados com câmeras operacionais portáteis, sendo 10.125 em funcionamento.

No entanto, apesar da diminuição nos casos de letalidade policial, especialistas alertam para a possibilidade de um aumento desses números em breve, devido a uma nova estratégia de confronto adotada pelo atual governo. A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, aponta que o aumento das mortes por policiais no centro pode estar vinculado ao aumento dos roubos de celulares na região.

Dessa forma, a violência policial continua sendo uma questão preocupante na cidade de São Paulo, com famílias como a de Deuza buscando incansavelmente por respostas e por justiça para as vítimas da brutalidade policial. Medidas de prevenção e controle da letalidade policial ainda precisam ser aprimoradas para garantir a segurança e integridade dos cidadãos.

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