Falta de ações para conter avanço da dengue leva São Paulo a decretar estado de emergência, apontam especialistas.

A situação de emergência decretada devido ao aumento dos casos de dengue reflete a falta de ações efetivas para conter a propagação da doença, conforme avaliação do consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Renato Grinbaum. Em uma análise crítica sobre a medida adotada pelo governo de São Paulo, Grinbaum considera o estado de emergência como uma solução improvisada, porém necessária, diante da gravidade da situação.

O governo estadual optou por decretar estado de emergência após o registro de mais de 300 casos por grupo de 100 mil habitantes, o que facilita o acesso a recursos federais e permite uma maior agilidade nos processos de combate à dengue. No entanto, Grinbaum ressalta que essa medida emergencial acaba implicando em ações que muitas vezes não são as ideais, como a compra de insumos sem licitação, o que pode acarretar em consequências negativas.

O consultor destaca a falta de preparação para lidar com a proliferação do mosquito transmissor da doença, alertando que desde setembro de 2023 já havia indícios de um clima favorável para um aumento significativo dos casos de dengue. A ausência de campanhas preparatórias e a falta de investimentos na estruturação das vigilâncias sanitárias foram apontadas por Grinbaum como fatores que contribuíram para a atual crise.

Além disso, o infectologista ressalta a importância de equipar as vigilâncias sanitárias, especialmente com pessoal qualificado, para realização de ações de busca e eliminação dos focos de reprodução dos mosquitos. Ele destaca que a contratação de pessoal, as visitas domiciliares e a atenção aos pacientes são aspectos fundamentais no combate à dengue, e que demandam um planejamento prévio e efetivo.

O governo de São Paulo anunciou que irá investir os recursos federais na aquisição de máquinas de nebulização, insumos e na contratação de pessoal, visando ampliar a capacidade da rede de saúde para lidar com a situação de emergência. Medidas como a atualização das orientações para distribuição de leitos hospitalares e a criação do Centro de Operações de Emergências para combate ao mosquito Aedes aegypti foram destacadas como parte dos esforços do estado para conter a propagação da doença.

A situação de emergência não se restringe apenas a São Paulo, com outros estados, como Acre, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina, também decretando emergência devido ao aumento dos casos de dengue. Em todo o país, já são registrados 1,2 milhão de casos da doença, com um preocupante número de mortes confirmadas e em investigação. A falta de ações preventivas e de investimentos adequados na saúde pública se refletem na atual crise da dengue no Brasil, que demanda uma resposta urgente e eficaz das autoridades competentes.

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