SÃO PAULO – Estudo revela relação entre congelamento da marcha em pacientes com Parkinson e qualidade do sono, indicando possíveis novos tratamentos

Um estudo apoiado pela Fapesp e conduzido por pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e de Grenoble (França) revelou uma correlação entre o congelamento da marcha em pacientes com Parkinson e distúrbios do sono. De acordo com a pesquisa, pacientes que apresentam o sintoma do congelamento da marcha tendem a acordar mais vezes durante a noite, sentir maior necessidade de dormir durante o dia e apresentar um déficit de movimento dos olhos que afeta o sono REM, fundamental para a manutenção das funções cognitivas.

Após uma revisão sistemática de 20 estudos sobre qualidade do sono e congelamento da marcha, os pesquisadores observaram que ambos os sintomas estão interligados e podem ser determinantes para a criação de novos protocolos de tratamento para a doença de Parkinson. Segundo Fabio Barbieri, coordenador do Laboratório de Pesquisa em Movimento Humano (Movi-Lab) da Unesp de Bauru, os estudos mostram que pacientes com congelamento da marcha ou distúrbios do sono apresentam lesão cerebral no núcleo pedúnculo-pontino, região localizada nos gânglios da base.

Ainda não está claro para os pesquisadores se o congelamento da marcha causa a piora na qualidade do sono ou vice-versa. No entanto, estudos indicam que existe uma correlação significativa entre os dois sintomas. Apesar de não haver um tratamento específico para o congelamento da marcha, a medicação dopaminérgica pode influenciar a qualidade do sono dos pacientes com Parkinson. Barbieri ressalta que o congelamento da marcha, juntamente com outros sintomas como tremores e dano cognitivo, pode impactar significativamente a qualidade de vida dos portadores da doença.

O pesquisador destaca a importância do estudo para reunir evidências sobre a relação entre o congelamento da marcha e os distúrbios do sono em pacientes com Parkinson. Ele ressalta a necessidade de realizar novas pesquisas que utilizem métodos diretos, como a polissonografia, para avaliar de forma mais precisa a qualidade do sono e o congelamento da marcha. O estudo abre caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que levem em consideração a interligação desses sintomas e possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Parkinson.

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