De acordo com o Raio-x das Forças de Segurança Pública no Brasil, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país contava, em 2022, com pelo menos 1.467 Guardas Civis, totalizando 95.175 agentes. O estudo baseou-se em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego e na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre as 34 cidades que excederam o efetivo permitido, apenas duas têm mais de 50 mil habitantes: Ipojuca (PE), com 98,9 mil habitantes, e São Miguel dos Campos (AL), com 51,9 mil habitantes. São Paulo lidera nos números absolutos de efetivo, com pelo menos 26 mil guardas-civis, seguido por Rio de Janeiro, com 15 mil, e Bahia, com 10,1 mil agentes. Por outro lado, Acre e Distrito Federal não possuem guardas civis.
O crescimento do efetivo das guardas foi de 35% entre 2019 e 2022, sendo atribuído, em parte, à diminuição do número de policiais militares e ao aumento na criação das guardas municipais. Apesar disso, a integração e a articulação da segurança pública em cidades pequenas tornam-se mais complexas. O diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, destaca as dificuldades administrativas enfrentadas, como no caso do município de São Miguel dos Campos, que teve um convênio de R$ 150 mil com o Ministério da Justiça e Segurança Pública em 2019, mas por problemas administrativos, não recebeu os repasses.
Lima também critica a decisão do governo de ratificar em decreto o poder das guardas municipais de realizar abordagens e prisões em flagrante, sem considerar a real dimensão do efetivo. O decreto, publicado no final de dezembro do ano passado, levanta dúvidas sobre a eficácia e a supervisão das atividades dessas corporações.