A dicotomia entre eficiência e beleza é muitas vezes mal compreendida. No futebol, por exemplo, a bicicleta é um recurso utilizado por um jogador para chutar ao gol de uma forma pouco ortodoxa e esteticamente agradável. No entanto, a prioridade do jogador é marcar o gol, não realizar uma jogada bonita. Essa lógica se estende para diferentes aspectos da vida, como a arquitetura e o design.
A máxima da escola de arquitetura e design Bauhaus, “a forma segue a função”, ressalta a importância da eficiência e da funcionalidade na concepção de um projeto. O vão livre do MASP, por exemplo, é uma obra que combina beleza e praticidade, já que as pilastras garantem a estabilidade do edifício. Por outro lado, prédios neoclássicos com colunas decorativas sem função prática são considerados esteticamente questionáveis.
Essa mesma incompreensão entre eficiência e beleza pode ser observada na produção audiovisual, onde o desejo de se destacar muitas vezes se sobrepõe à importância da narrativa. A harmonia e o foco na história são essenciais para o sucesso de uma produção, como ressaltado por Sidney Lumet em seu livro “Making Movies”.
No entanto, vale lembrar as palavras de Graciliano Ramos, que comparou o processo de escrita ao trabalho árduo das lavadeiras em Alagoas. Assim como as lavadeiras dedicam tempo e esforço para limpar e secar a roupa, o escritor deve dedicar-se a lapidar suas palavras em busca da essência e da clareza.
Dessa forma, a reflexão sobre eficiência e beleza nos leva a compreender que em diferentes contextos, a prioridade deve ser dada à funcionalidade e à eficácia, sem sacrificar a estética quando possível. A busca pelo equilíbrio entre esses elementos é essencial para alcançar resultados significativos e duradouros.